Confesso que não esperava muito do filme “Quem Vai Ficar Com Mário?” do diretor Hsu Chien (Pé na Cova/TV Globo). Assistindo o longa hoje na sessão de imprensa (famosa cabine) a convite da Paris Filmes, DownTown Filmes e Warner Bros Pictures, que estreia nesta quinta (10/06) APENAS nos cinemas. Notei que a trama segue as fórmulas clichês de filmes de comédia romântica, porém são usadas de formas muito precisas, que faz a entrega ser gostosinha e bem leve.
Dessa forma meio esquema aprenda rindo e quando viu já foi, fica clara a intenção do Chien em trazer as questões do mundo real de qualquer família que descobre um membro LGBTQIA+, o que para um filme comercial e nos tempos sombrios que vivemos é arriscado, e corajoso e deve ser incentivado sempre.
O elenco é composto por estrelas nacionais como, Daniel Rocha (“Recife
Assombrado” e das novelas “Império”, “Totalmente Demais”, e “Avenida
Brasil”) – Mário, Letícia Lima (“Porta dos Fundos”, “Cabras da Peste” e da novela “Amor
de Mãe”) – Ana , Felipe Abib (“Faroeste Caboclo” e da novela “Avenida Brasil”) – Nando, Nany People (dos palcos do seu standup, da série “Xilindró” e da novela “O Sétimo Guardião”) e Rômulo Arantes (“Espelho da Vida”, “Sangue Bom”, “Filhos da Pátria” e”Êta Mundo Bom!”) – Vicente.
O filme traz a sensação de estar assistindo a famosa comédia romântica nacional, sem se destoar do padrão incrementado pelos filmes do nosso eterno gênio Paulo Gustavo. Com cores leves e uma mistura de rosa o filme mostra de sua maneira a mensagem sobre “ser quem você é e não ter vergonha disso”. A maneira como é abordado o tema LGBTQIA+ acaba sendo da forma natural que deveria ser. Trazendo um texto divertido e interessante, em comparação com o machismo, que acaba sendo tratado como uma espécie de subtrama pela irmã de Mario, a Érica (Elisa Pinheiro) mas que não deixa de empoderar as mulheres e mostrar que sim, elas podem fazer o que quiserem.
Mas para você se contextualizar melhor com essa análise, a história do filme é. Quando Mário, um jovem de 30 anos que trabalha com teatro, viaja para sua terra natal para visitar a família, ele decide se assumir para o pai conservador e contar que mora com o namorado, Fernando. Porém seu irmão mais velho, Vicente, acaba estragando seus planos trazendo outras novidades para a família. Para piorar a situação, o pai de Mário quer que ele assuma a liderança da cervejaria da família, e ele acaba se envolvendo com Ana, a coach que seu irmão contratou para modernizar a empresa e tudo vira uma grande confusão e temas como bissexualidade e poliamor são norteados.
Como já disse antes, o filme é uma representação clássica de um filme de comédia romântica, o que tem suas vantagens e desvantagens. Em minha perspectiva, acredito que o filme se destaque pela pauta social e sua representatividade de forma humorística, mais do que pelo roteiro ou outros aspectos cinematográficos. As atuações acabam sendo mornas com alguns destaques. E temos personagens que são estereotipados, como a personagem de Alice Borges, que interpreta uma empregada chamada Juliana que serve como uma espécie de alívio cômico.
Uma característica do filme que traz pontos positivos, é a trilha sonora que é bem interesante e tem a música idealizada pelo diretor chamada “O menino e o espelho”, cantada por Pabllo Vittar, que remete a busca e o reconhecimento de cada pessoa que não se vê na imagem refletida. Mas nem de tudo são flores, os efeitos sonoros do longa acabam sendo extremamente forçados, porque eles sempre aparecem em momentos de piadas, o que aparenta mostrar que o diretor quer indicar ou “promover” as piadas apresentadas durante o filme, o que acaba aparentando que o longa trate seus telespectadores como crianças.
E um dos pontos principais do filme, que é o trio amoroso Mário, Ana e Fernando (obviamente eu tomei um lado) são os responsáveis por carregar a trama do filme para frente, mas acabam se perdendo e prolongando muito o filme, até mais do que devia. Mas não tira o mérito de trazer uma história com momentos divertidos e questionamentos sobre o poliamor e até monogamia. Outra ressalta que preciso fazer é que dou destaque ao Felipe Abib que traz uma atuação que se destaca bem, dentro do que é pedido em seu personagem.
No final, posso dizer que para quem é LGBTQIA+ ou aliado da luta por essa causa ou e das feministas, “Quem Vai Ficar Com Mário?” é uma boa pedida pela sua abordagem diferencial em relação ao temas apresentados em outros filmes que o sempre fica apenas naquele sofrimento da saída do armário ou da aceitação. Isso ficou claro demais e muito enaltecido nas falas dos diretor e do elenco na coletiva de imprensa que participamos pela manhã, confira outras declarações:
“Eu tomei muito cuidado com tudo, pedia pra rever no monitor, mas eu me soltei e me joguei sem dúvida no papel, pedia ao Hsu para cortar excessos caso os tivesse. O nosso processo foi orgânico como um grupo teatral e isso foi incrível e eu sabia que não poderia errar, então a preocupação foi grande”, explica Daniel Rocha.
“No começo não aceitei o convite, o final era totalmente equivocado, mas em uma nova oportunidade em um almoço prolongada que fui extremamente ouvida e chegamos em um combinado e aí sim aceitei esse belo convite, que foi me feito na saída de uma das minhas apresentações de stand up.” comenta Nany People
O diretor foi questionado sobre a escolha do elenco, em ser pessoas cis e heteros em vezes de atores LGBTQIA+, “Sou um diretor que vai ao teatro, me apaioxo pelo trabalho deles, e fico apaixonado e fico com a vontade de trabalhar com essas pessoas e como já ouvi por aí ator não tem genêro. Porém em outros trabahos você vai notar a minha preocupação com o local de fala até como um homem pertecente a comunidade, mas esse era um projeto especial.” argumenta Hsu Chien.
A minha dica agora se você tiver alguém conservador em sua família. Tente o levar ao cinema para tentar rever seus conceitos de forma suave. Mas é isso, o filme consegue mostrar uma ideia e um dilema interessante, se você gosta dos clichês apresentados pelas comédias românticas, esse filme vai ser perfeito para você assistir no cinema. E para encerrarmos, a pergunta que todos devem estar fazendo. Quem diabos ficou com o Mário? Isso você descobre assistindo nos cinemas a partir do dia 10 de junho.
Confira o trailer:
Revisão: Rick Nóbrega