O musical ‘Tarsila, a Brasileira’ é uma aula de história do país em 2 horas e 30 minutos de espetáculo no Teatro Santander, em São Paulo (SP). A atriz Cláudia Raia interpreta Tarsila do Amaral e revive momentos especiais do país como a Semana de Arte Moderna de 1922, a crise do café, o caudilho Vargas e a ditadura militar. Sempre com muita cor, brasilidade e respeito às fases da nossa curta trajetória como ex-colônia.
Cortejada pela elite das artes, inclusive por Pablo Picasso, a paulista de Capivari era filha de um barão do café e fez sua base na pintura sobre tela em Paris, onde tudo acontecia. Falava cinco línguas, mas nunca esqueceu o linguajar caipira do interior paulista. Mas foi ao lado do ex-marido Oswald de Andrade, Mário de Andrade e de Anita Malfati que sua expressão ganhou força.
Já nos anos 1930 era apontada como o nosso nome nas artes, mas em solo brasileiro era mal vista por pintar quadros estranhos para a cultura brasileira, ainda muito jovem e enraizada no estilo vira-lata. Só depois de sua morte, Tarsila teve seu reconhecimento e assistir ao musical é sim um dever.
A história das manifestações artísticas brasileira passa em quase três horas que passam voando. A entrega de Cláudia Raia – fisicamente e mentalmente – e e de seus colegas artistas no palco faz jus ao alto investimento e a posposta do musical. A cenografia contribuem para que Tarsila se torne o maior espetáculo feito no país na última década.
A própria Cláudia Raia com sua voz inconfundível agradeceu a sobrinha-neta de homenageada, conhecida como Tarsilinha, que estava presente na plateia lotada numa véspera de feriado de Páscoa com caos no trânsito paulista.
Raia fez uma menção emocionada à Lei Federal de Incentivo à Cultura, que funciona a partir de renúncia fiscal de empresas que destinam parte de seus impostos para o fomento da cultura. Dessa forma, as companhias abatem até 4% do Imposto de Renda da próxima declaração. ”É indispensável”, disse ela.
O curioso é que pouco tempo atrás, nem dois anos, queriam acabar com a lei chamada satiricamente de ‘Rualei’ por um politico que não apoia as manifestações artísticas e prefere dizer que é coisa de comunista e vagabundo.
É, Tarsila, você já havia dito e pintado que tudo isso iria ocorrer, a vida imitou a arte! Mas sua biografia em forma de musical nos fez retornar a um passado não tão diferente assim, apesar do figurino de época e a São Paulo de outrora na cenografia.
Sério, é só assistir 10 minutos de ‘Tarsila, a Brasileira’ para constatar que somos craques em artes, sabemos fazer carnaval, peça, música e pintura, como o Abapuru, nossa maior referência, que está lá no Museu de Arte de Buenos Aires.
O elenco divulga no meio da peça nomes do nosso mundo cultural e esportivos e não fica só na bela e talentosa Tarsila. Brilhamos lá fora sempre com Pelé, Tom, Vinícius, Cartola, Chico Xavier, os novos baianos e muitos que dão duas páginas ou mais.
O espetáculo 100% nacional “Tarsila, a Brasileira” está em cartaz no Teatro Santander, situado no Complexo JK Iguatemi, em São Paulo, até o final de maio.
A apresentação é uma iniciativa do Ministério da Cultura e Zurich Santander, com patrocínio da EMS e Santander Brasil, co-patrocínio da Cristália, e apoio do Banco Hyundai, Cacau Show e Comgás. A produção fica por conta da Rega Início Produções Artísticas, com idealização da Raia Produções e realização da Oito Graus Produções.
Musical “Tarsila, a Brasileira”
Horários:
Quintas-feiras, às 20h;
Sextas-feiras, às 20h;
Sábados, às 16h e 20h;
Domingos, às 16h e 20h
Duração: 2h30min, com intervalo
Local: Teatro Santander
Endereço: Av. Pres. Juscelino Kubitschek, 2041, Itaim Bibi, São Paulo – Complexo JK Iguatemi
Texto: Flávio Perez