
No último dia 17 de agosto, o cinema brasileiro ganhou uma cena pra lá de emocionante! Diversos curtas-metragens protagonizados e realizados por alunos surdos foram exibidos no Cinemark do Shopping Cidade São Paulo, às 10h da manhã, durante a 2ª Mostra Surdos Fazem Cinema. O evento mostrou, de forma poderosa, que a linguagem do cinema é, acima de tudo, universal e inclusiva.
Na telona, o público conferiu os inéditos “Banheiro Masculino”, “O Roubo do Bolo”, “O Tempo” e “Nem Sempre Dá Pra Ouvir, Mas Sempre Dá Pra Entender” — todos frutos do projeto Surdos Fazem Cinema, que oferece oficinas audiovisuais para fortalecer a autonomia e a expressão artística da comunidade surda. Além deles, também rolaram exibições de curtas das edições anteriores (2022 e 2024) e do premiado “Amei Te Ver”, de Ricardo Cioni Garcia, que já soma 20 prêmios em 8 países e foi a grande inspiração para a criação da iniciativa.
A sessão reuniu cerca de 250 pessoas entre convidados, familiares, estudantes, imprensa e influenciadores. A cobertura ficou por conta da TV Cultura de São Paulo, do site jovem DeuClick e de criadores de conteúdo como Marcos Vinn (humorista surdo), Gabriel Issac (multiartista e criador em Libras), Aline Martins (eleita Melhor Comunicadora do ABC e SP+ Digital), Lanai Sá (conteúdo educacional e vida de vestibulanda) e Kelson Souza, do Geek Collection (especialista em cultura geek). ✨
O sucesso foi tão grande que a iniciativa já tem planos para o futuro: em 2025, ela será realizada exclusivamente em Santo André (SP), e em 2026 vai expandir para outros estados, especialmente nas regiões Norte e Nordeste, ampliando ainda mais o alcance do cinema acessível.

Rick Nóbrega – DeuClick Comunicação
Para José V., aluno que atuou como diretor, ator e estagiário no evento, a experiência foi inesquecível:
“Foi a primeira vez que senti que a minha voz, mesmo em silêncio, podia ecoar tão alto numa sala de cinema. Dirigir, atuar e ainda aprender como funciona uma produção me mostrou que nós, surdos, podemos ocupar qualquer espaço no audiovisual.”
O cineasta e idealizador do projeto, Ricardo Cioni Garcia, também celebrou o momento com orgulho:
“Ver esses curtas na tela do Cinemark foi a prova de que o cinema é feito de olhares, não apenas de sons. Os alunos se apropriaram da linguagem audiovisual com coragem e poesia. Agora, nosso desafio é levar essa experiência para outras cidades e garantir que a arte feita por surdos chegue a cada vez mais pessoas.”
Sobre os curtas exibidos:
Banheiro Masculino – Dirigido por Rusdy Rabeh, aposta no humor físico inspirado no cinema mudo para narrar a saga de um homem tentando usar o banheiro — até se deparar com um tiktoker performando sem parar.
O Roubo do Bolo – Dirigido por Maria Clara, apresenta uma dupla hilária que elabora um plano inusitado para roubar um bolo — com direito a rato de mentira, armadilhas gourmet e muito caos.
⏳ O Tempo – Suspense intrigante que mostra três estudantes presos em uma escola onde o tempo parou misteriosamente às 12:12, explorando os limites entre memória e realidade.
Nem Sempre Dá Pra Ouvir, Mas Sempre Dá Pra Entender – Retrata situações reais de comunicação na comunidade surda, destacando barreiras e soluções para uma sociedade mais inclusiva.
Exibições adicionais – Curtas das 1ª e 2ª edições do projeto e o premiado “Amei Te Ver” (dir. Ricardo Cioni Garcia).
A mostra contou com o apoio da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, da Spcine, do Instituto Santa Teresinha, da Butikin Filmes e de recursos da Lei Paulo Gustavo.