Perrengue Fashion | Review: entre o look do dia e o caos da selva, uma comédia que brilha (e tropeça) com estilo

Divulgação Paris Filmes

O filme “Perrengue Fashion” da Paris Filmes, chega com aquele jeitinho de comédia nacional feita pra gerar meme e reflexão ao mesmo tempo. Dirigido por Flávia Lacerda (“O Auto da Compadecida 2”) e estrelado por Ingrid Guimarães, o filme mistura crítica social com humor leve, ironizando o mundo dos influenciadores e o consumismo desenfreado que move (e destrói) muita coisa por aí. Mas calma, não é só lacração: tem drama, tem aventura e, claro, muitos perrengues fashionistas.

A história gira em torno de Paula Pratta (Ingrid Guimarães), uma influenciadora de moda que construiu a própria vida vendendo glamour e lifestyle nas redes. Mãe solo e dona de um coração tão grande quanto o ego, ela finalmente conquista o convite dos sonhos: uma campanha de Dia das Mães para uma grande marca de luxo. Só tem um detalhe — pra fechar o job, ela precisa da participação do filho, Cadu (Filipe Bragança), que sumiu do mapa e foi viver no meio da Amazônia, em uma comunidade ecológica alternativa. Determinada a resolver a parada, Paula parte pra selva com seu fiel escudeiro, o hilário Taylor (Rafa Chalub, o @essemenino), e é aí que o “fashion” vira “perrengue” real oficial.

Desde o começo, o filme é uma montanha-russa de risadas e situações absurdas. Ingrid Guimarães entrega tudo — do exagero à vulnerabilidade — com aquele timing cômico que só ela tem. Já Rafa Chalub brilha como o assistente desesperado, rendendo os melhores momentos da dupla, com tiradas que lembram seus vídeos virais da pandemia. É impossível não rir das tentativas deles de “civilizar” a floresta com filtro solar, look do dia e ring light no meio do mato.

Mas entre uma piada e outra, “Perrengue Fashion” tenta levantar uma pauta séria: o impacto do consumo exagerado e o distanciamento do ser humano da natureza. O problema é que, mesmo com boas intenções, o roteiro acaba escorregando em clichês — principalmente quando o assunto é a representação da Amazônia. A floresta é tratada quase como cenário exótico, e os personagens locais praticamente não têm voz. A crítica pegou pesado nesse ponto, acusando o filme de ser meio “turistão” e até paternalista, como se os paulistanos precisassem “salvar” a galera amazônica.

Divulgação Paris Filmes

Além disso, o discurso ambiental do filme, apesar de bem-intencionado, soa meio de Instagram — bonito na legenda, mas raso na prática. “Perrengue Fashion” quer falar de consumo consciente, mas acaba se rendendo à estética publicitária que critica. Ainda assim, a relação entre mãe e filho segura o coração da trama. Paula e Cadu, mesmo tão diferentes, acabam se reconectando de um jeito sincero. E é nesse reencontro que o filme encontra sua alma, mesmo que ainda com uns tropeços.

Visualmente, o longa é bonito pra caramba. A direção de arte é vibrante, os figurinos são um espetáculo à parte (porque né, é Ingrid Guimarães vestida de moda até pra pegar canoa) e as paisagens da Amazônia rendem cenas de tirar o fôlego. Só que a narrativa perde força quando tenta misturar sátira, lição de moral e drama familiar tudo ao mesmo tempo. No final, a mensagem até chega — mas com um filtro vintage e um toque de ironia involuntária.

Apesar das críticas, o filme tem seu valor: é divertido, carismático e cumpre o papel de entreter. Ingrid está afiadíssima, Rafa Chalub é uma grata surpresa, e Filipe Bragança dá um bom contraponto mais emocional à bagunça toda. A direção de Flávia Lacerda é ágil, segura o ritmo e acerta nas sequências de comédia física — ainda que peque na sensibilidade de retratar a cultura amazônica com mais autenticidade.

“Perrengue Fashion” é o tipo de filme pra assistir com a galera, rir das situações absurdas e, de quebra, sair pensando um pouquinho sobre o quanto a gente é refém da aparência e da fama. É leve, debochado e cheio de energia. Só não espere um tratado ambiental — é mais um look do dia com legenda de reflexão do que um debate profundo sobre sustentabilidade.

Em resumo: dá pra rir, dá pra pensar e dá pra sair do cinema dizendo “que perrengue, mas que delícia de filme!”. Ingrid Guimarães prova mais uma vez que domina a comédia nacional, mesmo quando o roteiro vacila, e Flávia Lacerda entrega um trabalho visualmente bonito e espirituoso. No fim das contas, “Perrengue Fashion” é isso: uma comédia de boas intenções, um tantinho perdida na selva, mas que acerta em cheio quando o assunto é divertir o público. ✨

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