Nesta última segunda feira, o casal Gulherme Monteiro, 31, personal trainer e o seu namorado Gabriel Silva,33, advogado estiveram na loja do Hirota Foods Morumbi e foram vitímas de homofobia (crime federal equiparado ao racismo, só para recordar. Afirmam que entraram abraçados no local quando um homem os abordou para informar uma determinação interna que não permitia casais se abraçassem no estabelecimento por conta da Covid-19, apesar de, segundo a dupla, cônjuges heterossexuais estarem presentes e também estavam em contato físico.
Conforme relatam a matéria da Veja SP e o Guilherme nos stories de seu perfil no instagram:
“Eu estava bebendo um iogurte, chegou um funcionário e coloquei minha máscara, que estava abaixada”, recorda Guilherme
“E aí ele começou a falar: tem uma lei que não pode casal dentro do estabelecimento”, conta. “E perguntei, que lei é essa? Eu falei que ia procurar na internet, ou que ele podia me mostrar. Ele falou que não podia ficar se abraçando, se tocando”, diz o personal trainer.
De acordo com Monteiro, depois de insistir nos questionamentos depois de insistir nos questionamentos sobre a suposta lei, o funcionário teria admitido que a determinação não era legal, mas uma “política interna do mercado”. “Enquanto ele falava isso, vários casais heterossexuais faziam compras do lado, abraçados”, afirma Gabriel.
“A gente percebeu na hora que era homofobia, que foi para humilhar” diz Guilherme, que registrou um boletim de ocorrência online e irá depor na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (DECRADI).
Trecho do relato do Guilherme Monteiro em seu instagram.
Procuramos o Hirota Foods, que nega através da nota abaixo e se coloca em papel de vítima das redes sociais, na rápida entrevista que fizemos.
Tentamos desde a terça-feira, dia 23/02 contato com o sr. Guilherme Monteiro para esclarecer o fato ocorrido, pois a sua postagem no Instagram não condizia com o que apuramos no circuito interno de monitoramento.
De forma espontânea ele nos passou o telefone e por 3 vezes foi combinado horário conosco para que pudéssemos conversar e esclarecer o assunto, porém ele não nos atendeu em nenhuma das ocasiões. Ontem, por volta das 21:00 h, ele nos procurou e afirmou que foi orientado pelo Coordenador de Políticas de Diversidade do Estado de São Paulo, a somente conversar conosco por e-mail, em virtude da repercussão que o caso estaria tomando.
Foi quando argumentamos que gostaríamos de ouvi-lo, pois realmente as versões estavam conflitantes, tendo em vista que as imagens capturadas revelam a abordagem de nosso colaborador com relação ao uso incorreto de máscara, fato confirmado pelo testemunho de nosso funcionário, pois nas imagens, imediatamente após a abordagem, o senhor Guilherme passa a usar a máscara de forma correta. Vale salientar que os estabelecimentos comerciais, por força de lei, exercem o dever de fiscalizar o uso das máscaras de proteção, sob pena de multa e outras penalidades.
Respeitando a sua decisão de conversar por e-mail não mais respondemos aos questionamentos na internet, pois entendemos que ele gostaria de resolver a questão juridicamente.
Reitero que temos todas as imagens da visita do casal à loja, desde a sua entrada até a saída, onde circularam com toda tranquilidade e finalizaram suas compras normalmente, onde não se vislumbra qualquer tipo de agressão, ameaça ou constrangimento.
Pela segunda vez o Hirota se envolve nessa polêmica. O primeiro caso foi um tropeço de comunicação. Adquirimos uma material e a pessoa que revisou não se atentou para as colocações que não condizem com a postura da empresa com relação a diversidade. Este funcionário foi desligado da empresa. Neste segundo caso fomos envolvidos por uma acusação que não é verdadeira.
Questionamos o Hélio Freddi, Diretor de Comunicação do Hirota Foods sobre o posicionamento da diversidade na empresa e sobre os casos.
DC: Houve uma preocupação real em trazer a diversidade para dentro da cultura da empresa depois do primeiro caso?
Temos um grande número de funcionários LGBTQ que estão na empresa há muito tempo. Respeitamos raça, opção sexual e religião. Empregamos mais de 2.000 pessoas sem a preocupação com estas opções. As mulheres representam mais de 65% do nosso quadro.
DC: Se sim quais políticas?
Promovemos palestras sobre diversidade.
DC: O que vocês aprenderam com esses dois caso?
As redes sociais não policiam as notícias. É um território sem filtro e acabam em alguns momentos penalizando empresas ou pessoas sem maior aprofundamento no caso. Acabam envolvendo empresas e oferecendo risco e comprometendo empregos.
Lembramos por email, ao diretor que não é “opção” sexual o termo correto, e sim orietanção sexual. Será que as palestras foram produtivas?
Para quem não se lembra do priimeiro caso de hofomobia praticada pelo supermercado Hirota Foods:
Supermercado Hirota distribui cartilha condenando o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
O supermercado Hirota está distribuindo uma cartilha onde condena a relação conjugal homoafetiva, dizendo que ela é “antinatural, um erro, uma paixão infame, uma distorção da criação“
No dia 8 de dezembro, em que se comemora, no Brasil, o Dia da Família, a rede Hirota Food Supermercados aproveitou para distribuir uma cartilha, com 31 mensagens sobre casamento, relação entre pais e filhos e até dívidas da família, nas lojas da rede em São Paulo Reunidos sob o título “Cada Dia Especial Família de 2017”, os textos foram escritos pelo pastor Hernandes Dias Lopes, da Igreja Presbiteriana, com tiragem de dez mil exemplares. No dia 9, uma consumidora denunciou a cartilha nas redes sociais. Segundo informações não oficiais, um dos herdeiros e presidente da rede, Francisco Hirota, é muito próximo da comunidade religiosa e, principalmente, das igrejas vizinhas às suas lojas. E foi de uma dessas igrejas que o pastor presbiteriano pediu, e foi atendido, para que a rede editasse e circulasse o material para o Dia da Família.
Apenas na em 19/12/2017, o caso tomou proporções maiores, com ampla repercussão nos perfis sociais. Um dos textos sustenta que o “casamento só pode ser uma união entre um homem e uma mulher” e que “o casamento homoafetivo está na contramão do propósito divino e não pode cumprir o seu propósito. A relação homem e homem e mulher e mulher é antinatural, é um erro, uma paixão infame, uma distorção da criação”.
Na fanpage no Facebook, a empresa postou uma declaração, também, nesta terça, 19: “O Hirota Food Supermercados lamenta qualquer transtorno que tenha causado pela distribuição da cartilha da família. Reiteramos que em momento algum tivemos a intenção de polemizar, ofender ou discriminar qualquer forma de amor. Em nossos valores não há nenhum tipo de preconceito em relação à gênero, religião ou raça. Atendemos todas as famílias da mesma forma, com a mesma humildade e carinho. Nossas sinceras desculpas a todos”. Procurada, a assessoria de imprensa do Hirota divulgou a mesma nota como resposta. A publicação foi encontrada em várias lojas na capital paulista e não havia sido retirada de circulação da rede, conforme constatado por alguns veículos que adquiriram o material.
Se você ler o texto da cartilha ainda deixa interpretações as questões machistas e colocando a mulher como submissa do homem com quem casou e atacando quem não quer ter uma relação monogâmica em sua vida. Viva a diversidade né!
Fontes:
https://vejasp.abril.com.br/cidades/homofobia-hirota-morumbi-supermercado/