O ator Carmo Dalla Vecchia abriu o jogo em uma entrevista recente e revelou que buscou terapia sexual depois de perceber que estava consumindo muito conteúdo adulto. Segundo ele, não há problema em assistir, mas é importante entender como cada pessoa se relaciona com esse tipo de material.
De acordo com o Pornhub Insights 2024, o Brasil aparece em sétimo lugar no ranking mundial dos países que mais acessam pornografia. O relatório também mostra um aumento significativo da participação feminina — 38% dos acessos globais, contra 24% em 2014.
O psicólogo clínico Leonardo Teixeira, especialista em comportamentos compulsivos, explica que o consumo frequente pode evoluir para uma compulsão. “A pornografia libera uma grande quantidade de dopamina no cérebro, o que faz com que o comportamento se repita e o controle fique cada vez mais difícil”, afirma. Ele lembra ainda que a facilidade de acesso — com milhares de vídeos disponíveis a poucos cliques — contribui para o aumento do consumo e dificulta interromper o hábito.
Leonardo também destaca que a indústria pornográfica é hoje um dos setores mais acessados na internet, o que amplia seu alcance e influência. “Quando o prazer imediato vira uma busca constante, muitos pacientes acabam criando expectativas irreais sobre o sexo e enfrentando frustrações, disfunções eréteis e conflitos conjugais”, alerta o psicólogo.
Para ele, a pornografia cria um mundo ilusório, já que os vídeos são roteirizados e não refletem relações reais. Esse contraste entre fantasia e vida prática pode gerar baixa autoestima, frustração e até afastamento entre parceiros. Leonardo ainda ressalta que é comum o surgimento de um vício cruzado — quando a pessoa desenvolve outras dependências, como álcool e apostas. “Um comportamento acaba alimentando o outro e dificultando a recuperação. Em vez de aliviar a pressão, a pessoa se torna ainda mais vulnerável”, explica.
⚠️ Sinais e consequências do consumo excessivo
Segundo o especialista, o uso descontrolado de pornografia pode afetar o corpo, a mente e as relações sociais. Entre os efeitos mais comuns estão:
- Expectativas irreais sobre sexo e relacionamentos
- Dificuldade em manter relações satisfatórias ou queda do desejo
- Isolamento social e perda de interesse em outras atividades
- Vergonha, comparação constante com os vídeos e necessidade crescente de estímulo visual
Onde buscar ajuda
A compulsão por pornografia é considerada um vício comportamental, assim como o jogo e as apostas. Apesar de ainda não haver políticas públicas específicas para esse tipo de dependência, há diversos caminhos para quem precisa de apoio:
- Terapia especializada, disponível em consultórios particulares ou serviços comunitários
- Centros de Atenção Psicossocial (Caps) do SUS, que oferecem acompanhamento gratuito
- Grupos de apoio, presenciais e online, para pessoas e familiares
- ☎️ CVV (188) – atendimento 24h, gratuito e sigiloso, para momentos de crise emocional
Apesar de ser mais comum do que se imagina, a vergonha ainda é um grande obstáculo. “Nem todos que consomem pornografia vão desenvolver vício, mas muitos escondem o problema, o que atrasa o diagnóstico e o tratamento”, conclui Leonardo.