
Apaixonado por cinema desde criança e fã declarado de Xuxa Meneghel, o cineasta Diego Alexandre embarcou em uma verdadeira missão de resgate da memória afetiva de uma geração inteira. Depois de uma busca intensa, envolvendo colecionadores e profissionais do audiovisual, Diego conseguiu o impossível: encontrou uma cópia raríssima em película 35mm do icônico Super Xuxa Contra Baixo Astral (1988) — filme estrelado pela eterna Rainha dos Baixinhos que, há anos, não contava com materiais originais disponíveis para digitalização e preservação. ️
Dirigido por Anna Penido, o longa é um marco da cultura pop brasileira, com mais de 2,8 milhões de espectadores e status de clássico da infância de milhares de brasileiros — incluindo o próprio Diego, que viu o filme pela primeira vez na Sessão da Tarde, em 1997. “Foi a minha porta de entrada no universo do cinema, é o primeiro filme que assisti na vida e, de certa forma, foi uma das obras que me influenciaram a me tornar cineasta anos depois. Pude dizer isso pra própria Xuxa no último dia de filmagem de Uma Fada Veio Me Visitar (2023), longa no qual fui assistente de direção e tive a oportunidade de trabalhar com ela”, relembra o cineasta.
Para ele, recuperar essa cópia é mais do que um ato técnico — é um gesto de amor pela cultura popular brasileira. ❤️ “É uma forma de devolver à cultura brasileira um pedaço da nossa memória afetiva, que muitas vezes é negligenciada, principalmente quando se trata do cinema popular. E mais do que isso: é fundamental valorizar a trajetória da mulher que é, até hoje, a recordista de público da história do cinema nacional. Xuxa levou mais de 37 milhões de pessoas aos cinemas — isso precisa ser reconhecido, celebrado e preservado.”

Quando descobriu que o primeiro rolo do negativo original havia desaparecido, inviabilizando qualquer tentativa de restauro, Diego entrou em contato com William de Paula, representante da Dreamvision, produtora responsável pelo filme, e se ofereceu para ajudar. Com o apoio de uma rede de colecionadores, o milagre aconteceu: uma cópia completa do filme apareceu no Rio Grande do Norte e foi parar nas mãos do cineasta. ✨
A digitalização e restauração serão realizadas pela Mapa Filmes e pela Link Digital, com o apoio do Canal Brasil e da Amuleto Filmes, produtora de Diego. ️
Para William de Paula, o projeto é mais do que uma restauração — é a recuperação de um legado. ️ “Este foi o primeiro filme produzido pela Dreamvision e sinto um imenso orgulho em vê-lo renovado, reativando a memória afetiva que marcou a infância de milhares de fãs. Agradeço ao Canal Brasil, cujo apoio tornou essa restauração possível, e ao Diego, que apareceu no momento em que eu já havia perdido as esperanças. Por fim, deixo meu carinho à Anna Penido, ao Diler Trindade e ao meu avô, Geraldo Silva, por confiarem a mim a missão de cuidar desse legado.”
️ PRESERVANDO A MAGIA DO CINEMA
Apaixonado por mídias analógicas, Diego Alexandre também tem se dedicado a manter viva a experiência da projeção em película, em parceria com o grupo Estação NET de Cinema. Ele promove exibições especiais em 35mm no Estação NET Botafogo, no Rio — a única sala comercial da cidade que ainda mantém esse formato. “Sou apaixonado por cinemas de rua. Tanto que, ao me mudar para o Rio em 2019, passei de ônibus em frente ao Estação e decidi que iria morar em Botafogo só por causa do cinema. Nunca mais saí daqui!”, conta o mineiro de 33 anos, natural de Conselheiro Lafaiete (MG).

Além da restauração, Diego se prepara para lançar seu primeiro longa como diretor e produtor associado, Enaldinho em Uma Noite Infinita, estrelado por Enaldinho, fenômeno do YouTube. O filme, dirigido em parceria com Elder Miranda Jr. e distribuído pela Imagem Filmes, é uma homenagem às produções infantis dos anos 1980 e 1990 — repletas de humor, fantasia e nostalgia.
Com uma trajetória que inclui colaborações com Luiz Carlos Lacerda, Murilo Salles, Natara Ney e Hsu Chien, o cineasta também revela sua admiração por nomes que marcaram o cinema infanto-juvenil brasileiro, como J.B. Tanko, Tizuka Yamasaki, José Alvarenga Jr., Helvécio Ratton e Cao Hamburger, além de ícones como Os Trapalhões, Mazzaropi e, claro, Xuxa.
“Nosso cinema popular precisa ser levado a sério. São filmes que fizeram parte da formação cultural de milhões de pessoas e merecem ser preservados com o mesmo cuidado que qualquer outro clássico premiado”, conclui. ✨









