Fui convidado para fazer uma análise pelo Rick Nóbrega do DeuClick que também estava no show da banda Fresno no dia 04 de junho na Audio Club, aqui em São Paulo, pois ele sabe que estou percorrendo diversos shows da banda pelo brasil e todo o tempo que já acompanho a carreira dos caras. Vamos lá! Quando a gente pensa que uma banda atingiu 22 anos de idade, só conseguimos imaginar que ela ou já acabou ou faz shows cantando seus hits da carreira e apenas curte o que foi construído durante este longo período, temos inúmeros exemplos que merecidamente surfam essa onda sem se preocupar se o novo trabalho vai estourar nas rádios ou streamings de música.
E eis que somos surpreendidos com algo absolutamente contrário ao que vivenciamos e entendemos como “normal” na jornada de uma banda.
A banda gaúcha Fresno inverte esta narrativa e vive o seu auge prestes a completar 23 anos. O novo trabalho da banda chamado “Vou Ter Que Me Virar” é um sucesso entre os fãs e a turnê deste novo CD teve até o momento todos seus shows sold out, inclusive dois recentemente realizados em São Paulo. Os shows estavam cercados de expectativa, pois seria a primeira vez da banda apresentando este novo setlist na capital paulista e logo com dois sold out. E nem a banda e nem o seu público decepcionaram.
Um setlist muito bem trabalhando com músicas do CD novo e clássicos das antigas como “Quebre as Correntes” enlouqueceram a platéia em dois dias insanos de show. Lucas e companhia pareciam e realmente demonstravam estar vivendo o ápice de suas vidas como músico naqueles shows. E olha que nem precisaria de muito esforço, pois absolutamente todas músicas eram entoadas em uníssono por todos ali presentes, não houve um momento sequer que não se ouviu os fãs cantando a letra das músicas.
O show começa com músicas mais animadas, pra pular ou gritar “fudeu” (nome da faixa também) a todos pulmões. Em seguida começa um bloco de clássicos que agrada antigos fãs pela nostalgia e também aos novos fãs que provavelmente nunca viram aquela música ao vivo em outras oportunidades. A banda aparentemente não aguardava tantos fãs, pois Lucas perguntava “aonde vocês estava em 2011, 2014, 2018? Agradeceu a presença de todos”. Logo na sequência o vocalista explicou a importância do voto, e logo o público em forte coro gritaram “Fora Bolsonaro”.
O show segue em alta com canções como “Manifesto” e “Eu Sei” e atinge um dos seus muitos ápices com a deliciosa e dançante “Já Faz Tanto Tempo”, que conta com a participação em voz, infelizmente não fisicamente no show, do grande Lulu Santos. Após esse momento a banda faz uma pausa e entrega alguns minutos para que Lucas Silveira interaja e como ele diz “cante o que quiser”. Novamente em palavras do mesmo, ele alega que desde o começo da turnê está conseguindo não repetir músicas clássicas e meio “esquecidas” da banda, vamos ver até onde ele vai conseguir, mas com certeza é um grande momento de catarse com os fãs, pois é sempre uma surpresa do que vem por aí.
Após esse momento a banda retorna e digamos que começa um segundo ato do show, um momento muito mais introspectivo e, sejamos francos como bons emos, triste. É que aqui que o filho chora e a mãe não vê. A banda retorna com “Eu Sou A Maré Viva”, emplaca “Diga Parte 2” e “Milonga” e após mais umas duas músicas atinge o ápice da sofrência com os já clássicos “Quando Eu Caí” e “Casa Assombrada”. Quem não se arrepiou, chorou ou minimamente se emocionou olhando para o lado e vendo alguém em lágrimas com essa sequencia realmente é uma pessoa muito forte emocionalmente.
A banda faz um charminho ao sair do palco e retorna após os pedidos de “mais um, mais um, mais um” para cantar a já consagrada “Revanche” e fechar com chave de ouro essa nova fase da banda em solo paulista.
Resumindo tudo isso: você que está se achando velho, acreditando que perdeu o melhor da vida, que o seu bonde já passou, se lembre desse exemplo de uma banda que atingiu o seu auge com mais de 20 anos de carreira, e o auge não representa apenas sucesso, é o auge da maturidade musical, do controle de seu público e de como gerar emoção na sua platéia. Nunca é tarde para “se virar”.
Segundo me passado pelo Rick, tentamos falar com a banda, e a assessoria de imprensa nos informou, que a banda não poderia atender os jornalistas presentes, devido a se preservarem pelo novo surto da COVID19 e estarem bem para os demais shows da tour, mas no after pago a banda atendeu aos fãs normalmente com uso de máscara como a nossa produção apurou pelos stories. Provando que era possível sim receber a nossa equipe. Com a Audio cheia tivemos que insistir com assessoria da casa, em ter um lugar para poder fotograr o show, pois os camarotes além dos clientes ficaram apenas para convidados da banda e da casa. Esses são detalhes que prejudica sempre a cobertura dos shows no rock e joga a imprensa para outros ritmos que dá as condições de trabalho. Fora isso foi tudo sensacional como relatado na matéria.
Revisão de texto: Rick Nóbrega
Apoio: Samsung, nos cedeu o Galaxy S22 Ultra para fotos da matéria e vídeos no dia nos stories.