Na última terça-feira (11), uma decisão do Conselho Federal de Medicina (CFM), datada de 30 de março, foi publicada no Diário Oficial da União, proibindo a prescrição de terapias hormonais com esteroides androgênicos e anabolizantes (EAA) para pessoas que buscam melhorar seu desempenho atlético e físico, sejam eles profissionais ou amadores. O aumento do uso desses hormônios para fins estéticos nos últimos anos gerou preocupações quanto à segurança dessas práticas por parte da sociedade médica e do CFM.
De acordo com o médico endocrinologista Francisco Tostes (@doutortostes), sócio do Instituto Nutrindo Ideais (@nutrindoideais), os hormônios anabolizantes podem ser administrados por via injetável (intramuscular), transdérmica (gel/creme aplicado na pele), oral ou através de pellets/implantes que são aplicados sob a pele e liberam o hormônio ao longo de 6 meses a 1 ano. Entretanto, essas substâncias esteróides derivadas da testosterona só são indicadas em casos de deficiência hormonal ou outras condições consumptivas em que o efeito anabolizante é necessário, como em caquexia em pacientes oncológicos.
Segundo o médico cirurgião Thomáz Baêsso, especialista em nutrologia do Instituto Nutrindo Ideais (@nutrindoideais) e com atuação em emagrecimento, hipertrofia e saúde sexual, as terapias hormonais com EAA podem ser bastante úteis em algumas doenças e condições clínicas. Em indivíduos sarcopênicos com baixa massa magra, por exemplo, o hormônio esteróide pode diminuir as chances de fraturas ósseas e outras doenças relacionadas à deficiência hormonal de testosterona.
Guilherme Renke (@endocrinorenke), sócio fundador do Instituto Nutrindo Ideais (@nutrindoideais), endocrinologista e médico do esporte, mestre em cardiologia, em entrevista ao portal EU Atleta, completa ao apontar que as substâncias seguem liberadas, dentro de condições respaldadas por sintomas e exames laboratoriais, em casos de:
- Mulheres com transtorno sexual hipoativo (que gera queda de libido), incluindo as que estão na menopausa e não conseguiram resolver o problema com outros tipos de reposição hormonal;
- Homens com hipogonadismo, condição em que a redução dos níveis de testosterona é acompanhada de sintomas que vão de alterações de humor a aumento da circunferência abdominal, passando também pela perda de libido;
- Pessoas de qualquer idade com osteoporose grave;
- Pessoas de qualquer idade com sarcopenia grave.
Guilherme lista os riscos do uso indiscriminado, que passam por alterações físicas e de saúde:
- Aumento da pressão arterial, levando a um estado de hipertensão;
- Formação de placas (ateromas) nas artérias;
- Aumento do colesterol;
- Maior risco cardíaco, em consequência das situações acima. Especialmente de desenvolvimento de doença arterial coronariana;
- Risco de falência renal em consequência do aumento da pressão arterial e da retenção de sódio;
- Sobrecarga no fígado, causando hepatite medicamentosa, especialmente nos casos de anabolizantes orais, que são metabolizados pelo fígado;
- Alteração de comportamento, com possibilidade de a pessoa ficar mais agressiva e agitada;
- Risco de infertilidade;
- Possibilidade de aumento da queda de cabelo e da calvície;
- Acne;
- Voz grossa;
- Em caso de atletas profissionais, doping.