Diversidade nas empresas: apoio real ou só no Mês do Orgulho?

Foto: Divulgação

Apesar dos avanços na diversidade dentro das empresas, o apoio efetivo do setor privado às organizações LGBTQIA+ ainda é tímido e, muitas vezes, limitado a ações pontuais. Dados do Censo GIFE 2022-2023 mostram que apenas 19% dos investidores sociais atuam diretamente nessa causa, enquanto a maioria das iniciativas ocorre de forma transversal (49%) ou nem chega a ser considerada prioritária.

Orgulho só em junho?

O coordenador do Centro de Cidadania LGBTI Cláudia Wonder e presidente da OSC Casarão Brasil, Rogério de Oliveira, alerta que muitas empresas focam suas ações no Mês do Orgulho, aproveitando a visibilidade para fortalecer suas marcas. “As empresas privadas, em sua maioria, apoiam ações LGBTI porque junho é um mês festivo e gera mais exposição para seus produtos e serviços”, explica.

Além disso, ele destaca que os comitês internos de diversidade e inclusão ajudam a impulsionar essas iniciativas, mas, sem um compromisso contínuo, o impacto acaba sendo passageiro. “Se os setores de responsabilidade social e os comitês internos perceberem que a população LGBTI em situação de vulnerabilidade precisa de apoio o ano todo, esse cenário pode mudar”, reforça.

Apoio o ano todo: um desafio necessário

A OSC Casarão Brasil, que trabalha diretamente com essa população, atua para garantir direitos básicos e combater barreiras que dificultam o acesso a serviços essenciais. ️‍ “Nosso foco é mostrar, com dados concretos, que essa população está, sim, em busca de saúde, educação e novas oportunidades para viver com respeito e dignidade”, ressalta Rogério.

Ricardo Durand
Rogério, do Casarão Brasil

Diversidade no mercado de trabalho: ainda um longo caminho

Pesquisas do Pacto Global da ONU, da Rede Brasil e do Centro de Estudos de Trabalho e Desigualdades mostram que a diversidade continua sendo um grande desafio dentro das empresas. 60% das corporações enfrentam dificuldades na implementação de políticas inclusivas, sendo a desinformação o maior obstáculo, afetando 57% dos grupos empresariais.

Inovação e diversidade andam juntas

Rogério reforça que apostar em um ambiente corporativo mais diverso não é apenas uma questão de inclusão, mas também de criatividade e inovação. “Quanto mais diversidade de experiências e visões dentro de uma equipe, maior a capacidade de pensar fora da caixa e criar soluções inovadoras”, pontua.

Compromisso contínuo: o que pode ser feito?

Para que o apoio à comunidade LGBTQIA+ não fique restrito ao marketing de junho, é preciso transformar iniciativas pontuais em ações permanentes. “As empresas devem criar parcerias duradouras com OSCs e ONGs que atuam diretamente com essa população, além de desenvolver estratégias de inclusão ao longo dos 12 meses do ano”, finaliza Rogério.

O desafio está posto: diversidade não pode ser só discurso, tem que ser prática! ✨

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