Gigantes da tecnologia correm para lançar novos óculos inteligentes, pulseiras neurais e eletrodomésticos conectados , mas um movimento silencioso começa a ganhar força entre os jovens: a Geração Z está reduzindo o tempo nas redes sociais e redescobrindo o valor das experiências analógicas ️✨.
Pesquisas recentes do GWI e da DataReportal mostram que esse é o único grupo a diminuir o uso de plataformas digitais desde 2021 — um sinal claro de fadiga tecnológica e de uma busca crescente por autenticidade, presença e bem-estar.
No centro desse debate, o pesquisador e professor da FIA/USP, Marcel Nobre, alerta que o futuro da tecnologia não está em mais telas, mas em soluções que respeitem o tempo e a autonomia do usuário. “Estamos diante de um ponto de inflexão: a indústria pode continuar empurrando telas para tudo, ou pode escolher desenvolver tecnologias que devolvam presença e propósito às pessoas”, afirma.
O entusiasmo por interfaces e gadgets inteligentes voltou a dominar o cenário tech , mas também começa a encontrar resistência. Empresas como a Meta aceleram lançamentos de óculos e dispositivos vestíveis, apostando em experiências cada vez mais imersivas — e mais próximas do corpo humano. No entanto, falhas em demonstrações públicas, como as do Ray-Ban/META, e o cansaço digital crescente mostram os limites dessa corrida pela atenção.
Em contrapartida, dados apontam que os jovens estão desconectando de propósito. O levantamento do GWI indica que a Geração Z reduziu o tempo gasto em redes sociais, enquanto o DataReportal 2024 revela que o tempo médio mundial em telas conectadas é de 6h45 por dia — chegando a impressionantes 9h13 no Brasil, um dos países mais conectados do planeta . Especialistas alertam: o excesso já começa a impactar saúde mental, produtividade e privacidade.
Em meio a isso, o renascimento do analógico surge como resposta ao cansaço digital. Câmeras de filme, discos de vinil e clubes de leitura voltam com tudo, impulsionados pelo desejo de experiências táteis e livres de algoritmos. Segundo o Trends Report 2025, da agência DAVID Madrid, esse movimento reflete o desejo por um estilo de vida mais calmo — o famoso slow living ️ — e por conexões reais que devolvem ao consumidor a sensação de presença e pertencimento.
“Vivemos o auge do paradoxo tecnológico”, avalia Nobre. “Enquanto queremos eficiência e conectividade, também buscamos silêncio e tempo de qualidade. A inovação que não considerar essa ambiguidade humana corre o risco de perder relevância.”
Esse debate ganha força diante de experimentos como o piloto da Samsung, que passou a exibir anúncios em telas de geladeiras inteligentes . A iniciativa reacende discussões sobre os limites entre utilidade, monetização e privacidade.
“O futuro não será definido por quem lançar a tela mais brilhante”, conclui Nobre. “Mas por quem conseguir criar experiências que respeitem o ser humano em sua complexidade. Se a tecnologia não devolver propósito e bem-estar, será rejeitada — por mais inovadora que pareça.”