Codinome Daniel: Musical homenageia a vida do ativista Herbert Daniel

Créditos: Divulgação

O Núcleo Experimental está de volta aos palcos com o musical Codinome Daniel, com texto e direção de Zé Henrique de Paula, além de música original assinada por Fernanda Maia ✨. A montagem presta uma homenagem poética à vida e à obra do ativista, jornalista e escritor Herbert Daniel (1946-1992), celebrando sua história e legado. O espetáculo fica em cartaz na sede do grupo, na Barra Funda, de 3 a 17 de dezembro, com sessões de segunda a quarta, às 20h . A reestreia marca o início das celebrações pelos 20 anos do Núcleo Experimental, que segue com diversas ações previstas para 2026.

Ao longo de suas duas décadas de trajetória, o Núcleo Experimental desenvolveu uma intensa pesquisa sobre o uso da música em diálogo com o teatro , sempre explorando o modo brasileiro de fazer Teatro Musical. Esse trabalho contínuo ampliou o desejo de criar dramaturgias e musicais originais do país, motivados principalmente pela vontade de dar voz a grupos minoritários e a temas urgentes do cenário sociopolítico atual ✊.

Com Codinome Daniel, o grupo apresenta ao público a trajetória ainda pouco conhecida de Herbert Daniel, um revolucionário gay que enfrentou tanto a ditadura militar quanto setores da esquerda que reproduziam homofobia e normas heteronormativas. Figura central da luta armada, Herbert se exilou em Portugal e França, contraiu HIV, retornou ao Brasil como o último dos anistiados e se tornou um dos principais ativistas pelos direitos das pessoas vivendo com HIV e Aids ❤️‍. Foi fundador do grupo Pela Vidda, um dos fundadores do Partido Verde e atuou em diversas frentes, incluindo os direitos LGBTQIAPN+, das mulheres, da população negra e a defesa do meio ambiente. Herbert morreu em 1992 em decorrência de complicações da Aids.

Mas, afinal, quem foi Herbert Daniel?

Herbert Eustáquio de Carvalho, seu nome de batismo, é uma figura essencial da história recente do país, mas ainda subestimada quando se fala em luta LGBTQIAPN+ e resistência durante a ditadura. Estudante de medicina na UFMG, entrou para grupos de guerrilha no fim dos anos 1960, participou de assaltos a bancos e de sequestros de diplomatas que ajudaram a libertar mais de uma centena de presos políticos.

Durante a militância clandestina, descobriu e assumiu sua homossexualidade, o que o colocou entre a violência moralizante de uma ditadura LGBTfóbica e a rejeição de parte da própria esquerda, que via a homossexualidade como fraqueza moral ou desvio burguês. Herbert precisou “esquecer” sua sexualidade para participar da luta armada, chegando inclusive a estampar cartazes de procurados do regime. Mesmo com o avanço da repressão, conseguiu escapar da prisão e se exilou em 1974. Na Europa, contraiu HIV e, ao retornar ao Brasil, tornou-se um dos mais importantes ativistas na luta por direitos e contra o estigma da doença.

Revolucionário e referência na luta LGBTQIAPN+, Herbert ajudou a fundar o Partido Verde e o grupo Pela Vidda, defendeu pautas ambientais e foi voz importante nas lutas de mulheres e negros ✊. Criou ainda a Declaração dos Direitos Fundamentais da Pessoa Portadora do Vírus da AIDS e introduziu o conceito de “morte civil”, explicando como o preconceito social isola pessoas com HIV antes mesmo da morte física. Sua trajetória mostrou que essa luta envolve não só saúde, mas também sexualidade, economia e direitos humanos.

“Ele trouxe ideias revolucionárias para enfrentar a doença e o preconceito social, e elas ainda são válidas até hoje”, afirma o historiador norte-americano James Green, autor da biografia Revolucionário e Gay: a extraordinária vida de Herbert Daniel, publicada em 2018 . Segundo Green, Herbert foi uma das primeiras figuras públicas a assumir ser gay e soropositivo. A biografia inspirou diretamente a dramaturgia de Codinome Daniel, escrita por Zé Henrique de Paula, com música original de Fernanda Maia.

O teatro, uma das primeiras paixões de Herbert na juventude, ressurge aqui como ferramenta poderosa para reacender a memória dessa figura tão importante para o movimento LGBTQIAPN+ e para a história política recente do país . A peça reforça o papel do Teatro Musical como veículo de preservação da memória coletiva e das lutas por democracia, diversidade e justiça social.

Codinome Daniel integra, ao lado de outros dois espetáculos autorais do Núcleo Experimental, Lembro todo dia de você e Brenda Lee e o Palácio das Princesas, a chamada “Trilogia para a Vida”. O fio condutor das três obras é a discussão sobre HIV/Aids no Brasil, da década de 1980 até os dias atuais ❤️‍.

O elenco reúne Davi Tápias, Luciana Ramanzini, Fabiano Augusto, Robson Lima, Bruna Guerin, Cleomácio Inácio, Renato Caetano e Fábio Enriquez .

Sinopse

Conhecido por dar voz a grupos minoritários e por sua pesquisa sobre o modo brasileiro de fazer Teatro Musical, o Núcleo Experimental homenageia no novo espetáculo o jornalista e ativista Herbert Daniel, referência da luta LGBTQIAPN+ e da defesa dos direitos das pessoas vivendo com HIV/Aids ✨.

Serviço

Codinome Daniel, Núcleo Experimental
Temporada: 3 a 17 de dezembro de 2025
Segundas, terças e quartas, às 20h
Bate-papo após todas as sessões
Ingressos: R$40 inteira, R$20 meia
Venda: Sympla
Local: Teatro do Núcleo Experimental, Rua Barra Funda, 637
Classificação: 12 anos
Duração: 120 minutos
Mais informações em @nucleoexp

O projeto foi contemplado na 45ª edição do Programa Municipal de Fomento ao Teatro da cidade de São Paulo .

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