Estive na CCXP de 2022 no dia 1º de novembro e lá me encontrei com o Sidney Gusman. Um dos maiores quadrinistas do Brasil e trabalha no Maurício de Sousa Produções e conversei sobre esse mundo. Confira abaixo:
- Primeiramente obrigado por ceder seu tempo, queria saber assim, a Graphic MSP completa 10 anos, então como que surgiu a ideia de trazer outros artistas para contar as histórias do Maurício?
Sim, fez 10 anos em outubro. Assim, quando Maurício fez 50 anos de carreira, em 2009, criei o projeto MSP 50, que eram livro com pequenas histórias de até 5 páginas, com autores fazendo releitura com os personagens dele (Maurício). Foi um sucesso e então pensei: “Cabe mais, vamos fazer Graphic Novel”. São histórias mais longas e a gente convida autores do mercado independente e propomos releitura das histórias para o jovem/adulto. O Maurício adorou e disse: “Mada bala!”. E comecei a convidar o pessoal e embarcaram nessa comigo, e nessa já são 36 títulos e felizmente bastante sucesso e a gente está bastante feliz. Tanto que agora tem 2 filmes adaptados, uma animação e live-action vindo por aí, sensação de dever comprido, mas ainda cabe mais.
- Outra coisa que queria saber, como é o processo, os critérios, de chamar essa rapaziada para o projeto? Para quem estiver lendo e nesse mundo e queira, sonha, em participar dele.
Fico muito de olho no mercado independente, leio bastante bastante quadrinho independente. Quando vou lendo, penso “esse encaixa com esse personagem”, e vou separando em caixinhas dentro da minha cabeça. Primeira coisa, nada de chamar um autor que não gosta da Turma da Mônica, porque deve ter uma identificação com os personagens. É bastante comum acontecer chegar alguém e falar: “Tenho uma ideia e queria escrever”. Não posso aceitar, porque depois lanço uma história que tem alguma coisa parecida com a essa e depois diz eu plagiei, então não aceito propostas. Eu vou atrás e peço uma proposta/sinopse da história do Chico Bento, do Cebolinha, e por aí vai. Também tem autor que não quer trabalhar com editora, e está tudo bem, se não quiser ser auditado, não vai rolar. Eu sempre falo, na MSP os autores tem uma liberdade, mas tem até onde pode ir, não posso fazer uma Graphic erótica, por exemplo.
- Falando mais dos filmes, lançaram o turma da Mônica: Laços e Lições, vai sair live-action do Jeremias e tal. Tenho a impressão de que fazer animação é mais fácil, como é adaptar os quadrinhos para live-action, quais as dificuldades?
É uma doidera, né? Porque no quadrinho pode tudo, por exemplo no Laços e Lições o Vitor desenha o Cebolinha com 5 fios de cabelo apenas, longos e que mexem, no live-action não dá, ficaria horrível, então fizemos aquela adaptação com o cabelo, que nem do Cascão. A parte mais dificil da adaptação para o live-action é a parte física e de manter a essência do personagem. Por exemplo, quero fazer a Mônica de azul, aí não vai ser a Mônica, vai ser outra personagem. Claro, pode inserir elementos novos, mas se a essência tiver salva, o sucesso é mais próximo.
- Para finalizar, vi que no dia 3 vai ter o painel da MSP, com alguns autores como Rafael Calça, Ana Cardoso e tal. Mas também um autor surpresa, pode nos dar um spoiler?
Eu posso dar um spoiler, essa pessoa vai ser anunciada na sexta-feira (risos). Na sexta-feira vou anunciar 5 Graphics MSP, o pessoal está se divertindo, “Ah, quantos são inéditos?”, “Qual personagem novo?”, “É continuação?”. Vão ter que descobrir na sexta, 11h30. Vai ser divertido.
