Guerra de versões sobre laudos de creatina

foto: rodrigo dod | savaget

Um dos temas que movimenta os bastidores do Mr. Olympia Brasil Expo no último fim de semana é a polêmica envolvendo laudos de creatina, um dos suplementos mais populares do mundo para prática esportiva e saúde.

A maioria das 60 marcas presentes no evento, realizado em São Paulo (SP) até domingo (20), tem o produto à venda ou como amostra grátis.

O debate sobre a qualidade e conformidade da creatina comercializada no Brasil ganhou um novo capítulo com a recente decisão judicial que determinou que a Abenutri (Associação Brasileira de Produtos Nutricionais) indenize o Grupo Supley, responsável por marcas como Max Titanium e Probiótica.

A sentença do Tribunal de Justiça de São Paulo exige que a Abenutri pague uma indenização por danos morais e faça uma retratação pública após divulgar laudos laboratoriais considerados incorretos sobre a qualidade da creatina de marcas associadas à Supley. A decisão destacou a importância de critérios técnico-científicos na avaliação de suplementos.

Em meio a essa disputa, a BRASNUTRI (Associação Brasileira dos Fabricantes de Suplementos Nutricionais) se posicionou contra a maneira como a Abenutri divulgou os laudos.

“A BRASNUTRI não é contra laudos laboratoriais, o Eurofins é um ótimo laboratório, o que a BRASNUTRI reforça para todos é que não existe na Abenutri lisura ética, transparência processual nestes laudos de creatina feitos e divulgados de forma irresponsável”, afirmou Bruno Busquet, Presidente – BRASNUTRI.

A BRASNUTRI, que representa mais de 40 marcas e cerca de 70% do setor, ressalta que atitudes como a da Abenutri “prejudicam a confiança dos consumidores e comprometem o esforço do mercado em construir credibilidade”. A entidade também reforçou que a única instituição com autoridade para regular e fiscalizar a qualidade dos suplementos no Brasil é a Anvisa, e que tentativas de contornar essa regulação prejudicam o mercado e os consumidores.

A Growth Supplements, uma das principais marcas do setor, também se manifestou sobre a questão. Em entrevista, Diogo Cirico, nutricionista representante da Growth, destacou os investimentos da empresa em controle de qualidade: “Nós nunca seríamos surpreendidos em um exame como esse, porque antes do produto sair de lá de dentro, ele passa por uma avaliação laboratorial.”

Crescimento da creatina e a disputa por credibilidade no setor

A creatina foi o suplemento alimentar esportivo mais pesquisado no Brasil em 2023, com um aumento de mais de 30% em relação a 2022, segundo dados do Google divulgados nesta terça-feira (20). O suplemento desbancou o whey protein, que liderava as buscas de suplementos esportivos desde 2019.

Esse aumento no interesse por creatina reflete um crescimento geral na busca por termos relacionados a academias e outros suplementos, como isomaltulose (31,5%), beta-alanina (24%) e whey protein (12,3%). No entanto, a ascensão desse mercado traz à tona questões sobre a qualidade e a segurança dos produtos disponíveis.

A guerra de versões em torno da creatina, um dos suplementos mais populares do momento, levanta questionamentos sobre a responsabilidade das entidades do setor e a necessidade de uma comunicação clara e transparente com o público.

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