Em 2020, tivemos um dos maiores movimentos atuais contra a violência policial. O ‘Black Lives Matter‘ (ou Vidas Negras Importam aqui no Brasil) levantou bandeiras importantes e voltou os olhos da mídia internacional para a brutalidade policial contra as pessoas negras. E é por isso que um filme como “Judas e o Messias Negro” da Warner Bros é de extrema importância, já que em pleno século XXI, ainda precisamos discutir sobre o racismo tão presente nas estruturas da nossa sociedade.
O filme estreia amanhã, 25 de fevereiro, em todos os cinemas nacionais e a gente conta um pouco pra você aqui:
O longa é dirigido por Shaka King, que mesmo sendo estreante na função, brilhou de diversas formas ao comandar essa história. Juntamente com King, o roteiro foi escrito por Will Berson, e produzido por Ryan Coogler, diretor de “Pantera Negra” e “Creed“.
Estrelado por Daniel Kaluuya (Corra!) e Lakeith Stanfield (Atlanta), o filme conta a história de Fred Hampton, jovem que ascendeu dentro do movimento até se tornar presidente dos Panteras Negras de Illinois. As ações de Fred em prol da comunidade negra chamaram a atenção de J. Edgar Hoover, chefe do FBI que decide acabar com a “ameaça” que Hampton representava, o comparando até com ameaça chinesas e russas (o que em 1969, era a pior comparação possível).
Por isso, o agente Roy Mitchel recrutou o ladrão de carros Willian O’Neal, ou Bill, para se infiltrar nos Panteras Negras e oferecer informações sobre o movimento e sobre Hampton. Mas as coisas começam a pesar quando O’Neal se simpatiza pela causa do partido e pela pessoa de Fred. Assim, o peso da traição cresce ao passo que o envolvimento com os colegas aumenta.
Baseados em fatos reais, o filme mantem o tom de tensão quase a todo instante. Seja nas cenas de violência policial quase gratuita contra a comunidade negra, ou nos discursos incendiários de Fred Hampton, a adrenalina corre voraz por vários momentos. Não podemos deixar de pontuar os merecidos reconhecimentos a Kaluuya que se entrega nitidamente ao reproduzir os discursos originais de Hampton.
Ainda sobre a atuação, podemos destacar a de Dominique Fishback no papel de Deborah Johnson, companheira de Hampton, que entrega uma das cenas mais tocantes do filme, quando ela fala sobre o temor que sente pelo bebê que espera, embora saiba que ele nascerá com o coração de pantera. Essa fala fica mais pesada ainda quando Fred entrega o discurso sobre morrer e viver pelo povo, sobre ser revolucionário e morrer pela revolução.
Poderíamos falar sobre diversos aspectos desse filme, sobre sua importância e sobre como é um filme necessário, mas quero encerrar destacando dois pontos: a direção de arte incrível, trazendo com realismo a ambientação do filme, ainda mais com os vídeos reais da época e a trilha sonora que cria um ambiente que ajuda o espectador a construir a tensão e sensações ao longo do filme.
Judas e o Messias Negro é um filme extremamente necessário e uma ótima opção para você curtir seu fim de semana, já que o filme revela que muita coisa precisa ser revolucionada, mesmo tanto tempo depois.